Carta manifesto de uma artista indignada

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MAIS UMA DO DIRCEU BORBOLETA

Na segunda-feira dia 19 de abril, na sede da SETUR, local onde designado às reuniões do COMUC – Conselho Municipal de Cultura da cidade de Itajaí aconteceu mais uma das tantas barbaridades e desmandos que a nossa cultura vendo sendo vítima.

Às 11h da manhã quando abri meus e-mails, li uma convocação para a posse dos novos conselheiros e eleição da nova diretoria. Como sou conselheira do Setor Teatro e Circo, fiquei abismada com a rapidez com que tudo aconteceu. Liguei para o presidente interino Renato Seara, para confirmar essa notícia, e ele me disse que também não estava sabendo e foi conferir. Realmente estava lá. Então ele me contou o que havia acontecido.

O Renato Seara tinha avisado a secretária do conselho na semana anterior para ela fazer a chamada na terça feira, porém, ela abriu seus e-mails somente nesta segunda-feira e encaminhou o pedido. Entretanto, o tempo hábil para essa convocação foi insignificante, já que, o próprio superintendente Age Pinheiro, havia faltado à reunião da semana anterior com a desculpa que não havia visto seus e-mails naquele dia – e olha que o e-mail da reunião da semana passada nem tinha sido postado no dia, e sim, alguns dias antes.

Enfim, fui à reunião pensando que seria mais uma reunião, na qual poucas pessoas estariam presentes e, então, seria deliberado que teríamos uma semana para nos preparar para a eleição, já que havíamos nos colocado a disposição para montar uma chapa.

Dito e feito. Cheguei lá o que encontrei? A sala repleta de membros que eu nem conhecia – todos os membros do governo arrumados e perfumados para a eleição. Isso começou a cheirar mal. O conselho é paritário, 14 conselheiros do governo e 14 da sociedade civil, ou melhor, artistas da comunidade. Tínhamos os 14 membros governamentais – porque é claro, todos foram convocados e não por e-mail, mas com certeza, por telefone e sem dúvida, pelo Superintendente Agê Pinheiro. Coisa rara, aliás, pelo depoimento indignado do ator Valentim Schmoeller “Participo há três anos desse conselho e nunca vi tanta gente do governo como hoje”. Já deu pra entender não é? Não? Eu explico. Seria assim como: vamos enfiar goela abaixo essa eleição em vocês.

Bom, foi isso que aconteceu. A maioria burra venceu. Aliás, depois de tanta balela, retirei a chapa que havíamos feito há dois meses a qual era para ser uma chapa de consenso, pois, não havia ninguém na época querendo pleitear essa bucha. Sim, bucha. Digo isso porque é, um trabalho voluntário (para quem não é do governo, diga-se de passagem) com tanta responsabilidade, só pode ser bucha. Mas uma bucha pela qual  estou e quero lutar. Aliás, nós todos do Teatro queremos lutar, tenho o aval dos meus companheiros de categoria e só por isso aceitei a incumbência.

Retirei a chapa, pois, na hora houve a desistência da Anne Fernandes, nossa diretora da Casa da Cultura que havia se comprometido em ser secretaria dessa chapa. Ou seja, amarelou. Isso mesmo. Ela ainda veio com um discurso bonito que não estava lá para ser votada e sim para votar. Um discurso bem vazio, mas o que esperar da Diretora da Casa da Cultura?

Pois bem. O governo amparando todas as irregularidades através do Sr. Jucélio, funcionário da Fundação Cultural de Itajaí, que, para os problemas que estavam aparecendo ele sempre dava um jeito de dizer que estava “dentro da lei”. Dentro da lei um nome que saiu errado na nomeação de uma das câmaras setoriais. Dentro da lei uma pessoa contratada pelo governo fazendo parte de uma câmara não governamental. Tudo isso acontece sim, na cidade de Itajaí, ou melhor, poderíamos chamar de Sucupira, isso mesmo, a cidade fictícia do referido Dirceu Borboleta. Tudo dentro da lei, mas tudo fora da moralidade.

 

Vejam bem minha gente. Uma eleição que poderia ser impugnada só por estes dois motivos. Mas não, muitos membros da sociedade civil, ou seja, artistas. Sim, eles pediram ao Senhor Superintendente Agê Pinheiro, um também artista que inclusive já fez e desfez da Fundação Genésio Miranda Lins em outras épocas, quando outrora era vizinho daquele prédio. O Senhor Superintendente deve lembrar as coisas que fazia por lá, não?

Mas, foi isso que aconteceu, ele próprio não deu voz aos artistas, vindos de uma categoria, que um dia ele pertenceu e que, quiçá, ainda volte a pertencer, Pois é. O Sr. Agê Pinheiro, Superintendente da Fundação Cultural de Itajaí, não deu ouvidos novamente as vozes que vieram do lugar ao qual ele já pertenceu.

Mas isso não me surpreende numa cidade onde temos tantas dessas acontecendo. Não vou me alongar tanto, pois, creio que todos devem estar enojados com tanta falta de caráter e moral.

Senhor Prefeito Jandir Bellini. O Senhor Está sabendo disso tudo? Leia o jornal, se informe com seus assessores… Ah, desculpa, acho que eles não querem lhe incomodar com coisas tão insignificantes provenientes da cultura, não é? Mas se não temos cultura, teremos o que?

Não queremos um “Dono da Cultura” que fica lá no Paço da Prefeitura na Chefia de Gabinete, manipulando os processos culturais com ar-condicionado ao seu bel prazer. Não podemos retroceder ao período do apadrinhamento! Itajaí avançou artisticamente! Aceitem isso. É fato.

Queremos diálogo, transparências, queremos as portas abertas, espaços físicos, trabalho e, sobretudo, pessoas que queiram se relacionar com a arte da cidade e com os artistas da cidade, não precisamos de gestores enclausurados em seus escritórios. Queremos MOVIMENTO E AÇÃO e queremos ser partícipes do processo.

Sandra Knoll

Presidente da rede Itajaiense de Teatro

Conselheira da área de Teatro e Circo – COMUC

Artista indignada!

4 pensamentos sobre “Carta manifesto de uma artista indignada

  1. Até quando a Fundação Cultural de Itajaí será conduzida por poucos e para poucos. É vergonhoso como esta administração “cuida”da nossa cultura.

  2. Realmente todos nós da área cultural em Itajaí sentimos muito por ações como esta.
    Infelizmente Itajaí vem regredindo a olhos vistos, nossas conquistas estão vindo por água abaixo.
    Ainda assim, acredito que a união faz a força e precisamos nos mobilizar,para que não sejamos ainda mais abandonados por esta gestão que esquece que a cultura de um cidade depende daqueles que a constróem diariamente, e estes somos nós, artistas desta cidade.
    “Tudo dentro da lei, mas tudo fora da moralidade.” Muito bem colocado pela nossa presidenta Sandra Knoll.

  3. Espero que a Fundação Cultural perceba e assuma o que esta acontecendo e possa voltar dar um passo atrás e tornar-se flexível. Espero que as pessoas que não estão mais habiatuadas a mudanças e a processos participativos, posssam deixar outras trabalharem. Espero que asatividades do COMUC sejam transparentes. Não estou de acordo em o presidente do COMUC ser um governamental, desejo que possa ser uma pessoa da sociedade civil.

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