Médico sem fronteiras II

O caso do “médico sem fronteiras” de Itajaí que perambula pelos bairros da cidade e por outras cidades da região tem chamado a atenção e provocado reflexão de setores importantes entre os membros de sua confraria.

Além de Itajaí – sua base – ele circula por Navegantes, Penha, Piçarras e até São Francisco do Sul, clinicando gratuitamente, em espaços improvisados, com os pacientes sendo colocados frente a frente em bancos de madeira, como se fora um humanista espalhando benefícios sem nada querer em troca.

Esse comportamento se assemelha à velha prática assistencialista e interesseira, pois é mais que óbvio, tanto quanto o sol nasce e se põem diariamente, que sua ação tem um objetivo explícito de obter vantagem futura.

Esse objetivo é evidenciado quando ao final da consulta médica grátis, ele fala aos seus pacientes: “eu te ajudo e você me ajuda…”

É clara a intenção de obter uma vantagem, de conquistar um “pagamento” pelos serviços prestados…

A atitude deste profissional da saúde que deveria no mínimo respeitar o código de ética de sua profissão, é uma velhacaria das mais sórdidas.

Ao invés de lutar para que sua cidade e os municípios onde ele presta seus serviços médicos com o intuito de obter vantagem em futuro próximo, tenham melhores condições e qualidade no atendimento médico, ele age como se a prestação do serviço de saúde fosse uma benesse pessoal e não uma obrigação dos municípios e das outras esferas governamentais.

Sua ação afronta o Código de Ética Médica.

Em seus princípios fundamentais o Novo Código de Ética Médica preconiza em seu capítulo I, inciso X:” O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa”.

Já o capítulo VIII, que trata da remuneração profissional, afirma taxativamente em seu artigo 71 que ‘é vedado ao médico’:”oferecer seus serviços profissionais como prêmio, qualquer que seja sua natureza.”

A leitura atenta e combinada desses dois artigos deixa claro que não é ético o trabalho com a finalidade a que se propõe este “médico sem fronteiras” e sem escrúpulos.

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